Por mais respeitáveis e oportunos os mecanismos didáticos que se auguram meios eficazes para o conhecimento de si mesmo, devemos ponderar que ainda encontramo-nos, em Humanidade, muito distantes do contato divino com a essência da vida, imersa no cipoal de registros e desejos que nos caracterizam, quase em maioria na Terra, o modus vivendi…
Imortalizada por Sócrates, a proposta do “conhece-te a ti mesmo” envolve, para além do desejo sincero, as malhas do destino forjado em incontáveis reencarnações e todos os vínculos estabelecidos entre sombras e luzes das personalidades animadas no tempo…
O genuíno autoconhecimento, distante dos cálculos imediatistas e das emoções periféricas que ainda dominam os desejos humanos, se opera na profunda renúncia que se implanta por consciência desperta – aquela que converte o homem em Espírito e o Espírito em servidor da Criação.
Quando Saulo, convertido em Paulo, proclama que já não vive, mas o Cristo nele vive, atinge o grau maior e essencial do autoconhecimento, por efeito da gama de sofrimentos experimentada entre incompreensões e açoites, prisões e solidão.
Quando Maria, a filha de Magdala, renuncia o seu status quo e perambula como mulher comum pelas vielas da dor e da miséria de seu tempo, converte-se à Verdade e ao assumir a lepra, pela convivência com os leprosos, percebe, de si para si mesma, o conhecimento da própria natureza divina, sem capas e sem subterfúgios, imortalizando-se, em sublime libertação.
A moda moral dos tempos que correm, enfeitada de algum espiritualismo, franqueia através de jornadas bem humanas o autoconhecimento. São ensaios, verdadeiras caricaturas, quais as que as instituições religiosas de todos os tempos propuseram, para gáudio do poder temporal e das vaidades ululantes…
Todavia, o problema da iluminação, pela via do autoconhecimento, vige nos estados de consciência que tão-só o Evangelho, em Espírito e Verdade, enseja aos que “fazem a vontade do Pai”, e não apenas falam dessa divina vontade.
A luta redentora é ainda e por muito tempo, a imagem da Via Crucis rumo ao Gólgota cruel, mas sem esse quadro árido, duro e verdadeiro dos sacrifícios de Jesus, a ilusão tecerá entre sofismas e evasivas os roteiros pseudo-sábios que, infelizmente, intoxicam os incautos e já tendenciosos, consagrando no mundo os clamorosos desvios morais de quantos são chamados às luzes da Boa Nova…
Acima de conveniências e comodidades, enfrentemo-nos e busquemos na mensagem do Cristo a seiva da Vida Abundante!
EMMANUEL
(Mensagem psicografada pelo médium Wagner Gomes da Paixão durante reunião pública do Grupo Espírita da Bênção, em Mário Campos, MG, no dia 24 fevereiro de 2020).